Os
docentes de EMRC ao longo desta semana com os alunos que frequentam a
disciplina no 2º e 3º ciclos, dinamizaram atividades no contexto de sala de
aula que ajudaram a contextualizar esta comemoração. Portugal, leia-se a grande
maioria dos portugueses, nos últimos tempos tem ouvido falar muito de
solidariedade e sem dúvida que este exemplo de vida é cada dia mais atual. Fica
aqui de seguida, o trabalho de pesquisa realizado por um grupo de alunos.
A Lenda de São Martinho
Em Portugal, o Outono e a chegada definitiva do tempo frio são
comemorados no dia 11 de Novembro, dia de São Martinho. Neste dia, um pouco por
todo o país, comem-se sardinhas, assam-se castanhas, bebe-se vinho novo e água-pé
e, em alguns pontos do país, ainda há quem reúna familiares e amigos à volta de
uma fogueira ao ar livre. Mas poucos são aqueles que sabem qual o real
significado do Dia de São Martinho, ou mesmo o que é a água-pé.
São Martinho, também conhecido por S. Martinho de Tours, cidade onde foi
bispo, nasceu em Panónia, na Hungria, em 316 ou 317. Filho de um oficial
romano, que lhe deu uma educação Cristã, fez estudos humanísticos em Pavia. Aos
15 anos, Martinho foi para Itália e alistou-se no exército Romano tornando-se
num corajoso general, rico e poderoso. O nome de Martinho foi-lhe dado em
homenagem a Marte, o Deus da Guerra e o protetor dos soldados. Um dia, de
regresso a casa, São Martinho cavalgava debaixo de forte tormenta. A chuva e o
granizo caíam furiosamente, o vento uivava e o frio parecia esmagar os ossos.
Quando atravessava as montanhas dos Alpes, Martinho encontrou um mendigo
esfomeado, mal agasalhado e gelado que lhe pedia esmola. O general ao ver o
mendigo comoveu-se e como não tinha esmola para lhe dar, retirou o seu manto
vermelho, espesso e quente que o protegia do frio e da chuva dando-lhe um golpe
de espada e dividiu em duas estendendo uma das partes ao mendigo e agasalhou-se
o melhor que pôde para continuar o seu caminho. Apesar de mal agasalhado e a
chover torrencialmente, Martinho continuou o seu caminho de regresso a casa,
cheio de felicidade. Devido ao gesto de solidariedade, Deus presenteou este
gesto fazendo desaparecer a tempestade. Imediatamente o céu ficou azul e surgiu
um sol de verão, cheio de luz e calor. O bom tempo continuou durante os três
dias, tempo que levou o general a chegar à sua terra Natal, França. E assim
todos os anos em Novembro somos presenteados com três magníficos dias de sol
para que a memória dos homens não se esqueça do gesto que salvou a vida ao
mendigo.
São Martinho abandonou o serviço militar aos 40 anos e ingressou na vida
religiosa, tendo ido ao encontro de Santo Hilário, bispo de Poitiers que lhe
conferiu ordens sacras e lhe deu a oportunidade de entrar na vida religiosa. A
sua intensa atividade pastoral valeu-lhe a alcunha de Apóstolo das Gálias e
quando se tornou bispo de Tours, vivia como um monge, fora da cidade, num local
modesto que mais tarde foi transformado num mosteiro.
Foi então no dia 11 de Novembro, dia que todos nós festejamos como o dia
de S. Martinho, comendo castanhas assadas quentinhas ou cozidas e bebendo um
copo de água-pé ou jeropiga, do ano 297 que São Martinho morreu em Candes,
França.
São Martinho e o Magusto
São Martinho é considerado como o santo dos bons bebedores. É nesta atura
do ano que se faz a prova do vinho novo acompanhado das respectivas castanhas.
É por tradição, no dia 11 de Novembro que se prova o vinho novo e que se
atestam as pipas. O vinho novo é especial uma vez que deve ser bebido antes do
Verão, devido às suas características de fermentação.
Aliado aos festejos do dia de S. Martinho está também o tradicional
magusto, tradição ainda mais antiga que a data consagrada a este santo. Os
magustos começavam no dia 28 de Outubro, dedicados a S. Simão e duravam até ao
S. Martinho. Nesse dia, decorria o magusto familiar em que se reuniam os
familiares na casa de um deles, assavam-se as castanhas e na lareira era
pendurada uma panela furada. Depois de assadas as castanhas, as famílias
jogavam ao “par ou pernão” e diziam os seguintes versos: “Dia de S. Simão, Só
não assa castanhas, Quem não é cristão”.
Durante a noite de 11 de Novembro, era formada a “confraria” que, com
tachas de palha, acesas, andavam pelas ruas da freguesia a cantar e a tocar
harmónio, guitarra, zabumba e ferrinhos, já tocados pela bebida e chamando a
atenção das raparigas, passando pelas várias adegas ou tabernas.
Jeropiga e Água-Pé em vias de
extinção
A jeropiga e a água-pé, as bebidas tradicionais que acompanham as
castanhas nesta época de S. Martinho, correm o risco de, a médio prazo,
desaparecerem por completo.
Estas bebidas, são iguarias de fabrico caseiro das regiões do Minho,
Trás-os-Montes, Beira Interior e Ribatejo da qual a produção tem vindo a
diminuir dado que os campos têm sido abandonados e as explorações vinícolas de
características empresariais vão ganhando terreno, no entanto, o maior problema
resulta da lei que proíbe o fabrico e a comercialização destas bebidas tão
procuradas e apreciadas.
A água-pé, segundo diz, é para beber com as castanhas
assadas e, algumas vezes, a meio de uma jornada de trabalho, quando o Verão de
S. Martinho aquece os dias, já a jeropiga, bebida com elevado teor alcoólico é
usada para beber com castanhas assadas, mas também é excelente para acompanhar
outros frutos secos, como nozes, avelãs ou figos, e mesmo alguns doces tradicionais
como filhós, fatias douradas ou broas de Natal.
Ass.: Pesquisa realizada pelos alunos de EMRC_5ºE