sábado, 27 de fevereiro de 2010

O tema das canções


Liguei a televisão e deparei com uma interessante mesa redonda sobre as origens da Terra. Gostei das palavras de um professor universitário da especialidade, que disse que perante os fenómenos da natureza, perante as grandes catástrofes, o homem ter de ter uma atitude de humildade pela sua incapacidade de vencê-las. Lembrou que ninguém pode prever um terramoto a tempo de salvar as pessoas, os animais e outros haveres.
Ouvi então esta pequena história bem interessante.
Um grupo de peritos foi estudar os costumes de um povo que vivia numa região muito seca.
Esses peritos verificaram que esse povo cantava muitas canções sobre o tema da água.
Perguntaram então porque cantavam tanto sobre a água.
Responderam: Cantamos sobre aquilo que não temos.
E perguntaram: Porque cantais vós tanto sobre o amor?
De facto, aquele povo ao ouvir as canções do mundo ocidental, verifica que o tema permanente é o amor. E esta insistência em cantar sobre o amor – às vezes em textos sem graça nem valor – faz com que aqueles povos concluam que se canta sobre aquilo que mais falta, como eles cantam sobra a água.
É bem evidente que neste mundo de egoísmo, de indiferença, de insensibilidade, de agressividade e violência, o que falta é o amor. Falta o amor nas famílias que se desmoronam como ninhos sacudidos por vendavais. E falta o amor-solidariedade, o amor fraterno, que sente e alivia as tristezas e as carências amargas dos outros de qualquer idade, de qualquer raça ou cor da pele.
Canta-se sobre o amor, porque se precisa imenso de amor…

Mário Salgueirinho, In Voz Portucalense.

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