quarta-feira, 31 de março de 2010

Ahmed: de marginalizado a salvador


Ahmed, um jovem do Senegal (África), foi estudar para uma escola espanhola. Ele não sabia a língua, não tinha a mesma religião e era de cor negra, e por isso ninguém lhe ligava e se juntava a ele.
Os professores e os colegas, alguns sem dar conta do que estavam a fazer, outros com maldade, falavam sempre mal dos negros, e identificavam o negro com o negativo, o feio e o mau. Ahmed era assim marginalizado, sentia muitas dificuldades em se adaptar à escola e à nova língua, mas ninguém o ajudava.
O jovem jogava muito bem basquetebol mas nem sequer o punham na equipa da escola. Preferiam os espanhóis. Quem mais se opunha era o brigão da turma do Ahmed, era o que gritava mais, humilhava a quem não lhe caísse nas boas graças ou a quem lhe fizesse sombra. Era ele quem praticamente escolhia os jogadores, e como Ahmed jogava melhor do que ele, com ciúmes, não o seleccionava para a equipa. Nas aulas também quase só se fazia o que o brigão queria.
Ahmed estava farto de o isolarem e se meterem com ele. Andava triste e não queria voltar para a escola.
Um dia em que havia um jogo importante e decisivo contra outra escola, o brigão ficou com gripe e não pôde jogar. Faltava um jogador! Dois ou três jogadores deram a ideia de chamar Ahmed para resolver a situação. No entanto não se atreveram por medo do brigão, que se ia vingar quando soubesse do assunto.
Começaram a jogar. As coisas iam-se tornando cada vez piores. Estavam a perder por muitos pontos e estavam a fazer má figura.
Os colegas que estavam a assistir ao jogo, ao ver a coisa cada vez pior começaram a gritar: «O Ahmed que jogue! O Ahmed que jogue!...». Os jogadores tiveram que aceitar o que lhe diziam e Ahmed entrou. Primeiro os espectadores aplaudiram como loucos as belas jogadas do jovem Ahmed. A seguir os jogadores começaram a dar-lhe a mão e a aplaudir. No final, Ahmed conseguiu salvar a equipa e ganharam o jogo. Todos o rodearam, expressaram-lhe a sua alegria e começaram a juntar-se a ele.
A partir daquele jogo os colegas do Ahmed já não o desprezavam, tornaram-se seus amigos e procuravam ajudá-lo. Ele começou a sentir-se mais feliz e com a ajuda dos colegas aprendeu mais depressa o espanhol. Começou a entender melhor todas as disciplinas e tornou-se num craque da equipa de basquetebol.
Quando o brigão da turma regressou à escola e soube como a situação tinha mudado, tentou ser amigo de Ahmed e fazer com que ele pertencesse ao seu grupinho. Mas Ahmed não queria pertencer a um grupinho e ignorar os outros. Ele queria ser amigo de todos. O ambiente na escola mudou totalmente e para melhor e reinava um clima de amizade e de partilha. E assim é que deve ser, já que todos, independentemente da raça, cor da pele ou religião, são IRMÃOS!


Alfonso Francia, In Parábolas de Hoje (Adaptado)

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